Quem foi Zacimba Gaba
Zacimba Gaba foi uma princesa da nação Cabinda (dizimada pelos portugueses), em Angola, que foi levada escravizada da África para o Brasil em 1690, precisamente ao porto de São Mateus (sítio histórico) e posteriormente à Fazenda José Trancoso, no Espírito Santo. Uma sesmaria de terras que ultrapassava o rio Mucuri, "há umas seis léguas para o norte". Aproximadamente 30 km. Zacimba sofreu uma série de castigos e violências por parte do dono da fazenda, envenenou-o com o chamado “pó de amansar sinhô” e liderou a fuga e a fundação de um quilombo às margens do Riacho Doce. Dedicou boa parte do seu tempo à construção de canoas e à organização de ataques noturnos ao porto próximo à aldeia de São Mateus, libertando os negros escravizados recém-chegados.
Pó de amansar sinhô - Um dos venenos mais utilizados na região de São Mateus e Conceição da Barra era extraído da cabeça da “Preguiçosa”, uma cobra temida pelo seu veneno mortal, característica do Vale do Cricaré. Pegavam a cobra, preferencialmente viva, e cortavam-lhe a cabeça, sem extrair o veneno. Em seguida, era a cabeça torrada e moída até produzir um pó “bem fino” que “era misturado no dicumê do sinhô por vários dias até sua morte”.
Zacimba, princesa libertária, à frente daquela legião de negros livres, buscava a liberdade para os que foram arrancados de sua terra distante. “Cercaram o primeiro navio, que não ofereceu resistência”, subiram pelos flancos, mas foram surpreendidos pela tripulação “fortemente armada, de mosquetão e clavinote, tendo ainda, o outro navio a atacar os que estavam no mar. Foi luta encarniçada, de que só o mar é testemunha…”
Assim, Zacimba Gaba, princesa guerreira d’Angola, que soube esperar toda a sua juventude para livrar-se do seu senhor, liderou seu povo contra as atrocidades a que era submetido. Possuída por uma coragem singular, terminou a vida de lutas, heroicamente, “como um raio na escuridão”.
Fontes: Wikipédia, Maciel de Aguiar.